O SIDARTA QUE HÁ EM MIM
- LENDO O LIVRO SIDARTA DE HERMANN HESSE
Não serei
jamais um Gautama, andarilho, esotérico,
que em luz
de êxtase e de transe transcendental,
vai até um
nirvana, os nervos relaxados, os neurônios em espiral.
Mas ainda
assim nas linhas de Sidarta, de Hesse,
me
identifiquei em minhas interpretações (i)lógicas,
interações
leitor-leitura em correlações de tentações e provações.
Quantas
vezes um frenético desejo incontido,
foi em
busca do carnal como a da cortesã Kamala,
prazer como no kama-sutra.
Mas se o
corpo clama, o que a alma não chama,
dispersa a
paixão, por mais bela seja a dama,
por mais boa seja a cama.
E na busca
da riqueza material,
dos
Kamasvami comerciais,
trazendo a
voragem de palácios e ouros,
a possível
pobreza de espírito,
espinho
que espezinha, sangra
e despeja
o vil de muitos de nós.
É na busca
da riqueza espiritual,
que o
Sidarta se aparta!
Quisera
ter o despojamento que deixasse
- também -
a hierarquia bramanista, os palácios,
pela
placidez de um rio,
abrir mão
de tudo e de todos...
É nas
desilusões e desgosto,
o desejo
- intento - incontido,
de viver
ao largo do mundo mundano,
na rotina
das balsas de ir e vir e voltar e volver,
do rio em
suas margens, e da vida suas mínguas,
um
entregar de se libertar total...
E o
domínio ou rejeição do desejo,
que traz
carência e intolerância,
sair em
meditação transcendental,
de
procurar o atman, rejeitar maya,
rebuscar o
ascético, reencontrar sincera amizade,
ao rever
um amigo como Govinda.
E ir,
seguir, meditando, jejuando,
sublimando
aos sofrimentos e tormentos,
na
transparência do Alaska ( o éter ).
Na
simplicidade de balseiro,
a
complexidade do não-eu,
em direção
a luz...
Mas eis
que aqui está o verdadeiro-eu:
ao fechar
o livro,
na ânsia
do corpóreo, da cupidez, do cosmopolita.
Serei
Sidarta ,
só
ao revelar e relevar
com
o bem o mal que há além de mim?
Por: Sérgio Matos de Sousa em "meu blog, meu espaço"
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